terça-feira, 15 de outubro de 2013

Após companheiro de Cain criticar seu treino, brasileiro diz: 'Ele (Velásquez) pode estar treinando o que quiser. Agora, se vai funcionar, é outra história'


luta entre Cain Velasquez e Cigano no UFC (Foto: Getty Images)
Mesmo sendo um dos melhores lutadores do mundo, Junior Cigano tem de lidar com críticas rotineiramente. Não é algo agradável, pode-se garantir, ainda mais quando elas vêm de quem não conquistou nesse sentido o respeito do peso-pesado. Na segunda luta contra Cain Velásquez, no fim do ano passado, Cigano foi castigado pelo americano durante cinco rounds e viu o rival lhe tomar o cinturão da categoria até 120kg do Ultimate. Desde então, lê e escuta muita coisa por parte dos "experts" de luta, como ele mesmo definiu. E um nome mais famoso, Daniel Cormier, que é parceiro de treinos e amigo do atual campeão, entrou na onda ao criticar a preparação do brasileiro após assistir ao "Primetime" e dizer que todos verão um Velásquez totalmente diferente no UFC 166, neste sábado. Cigano tem a resposta para Cain, Cormier e afins:
montagem Junior Cigano UFC MMA (Foto: Ivan Raupp)
- O Cain Velásquez agora é o campeão, mas eu assisto muito às lutas dele, estudo o que ele tenta fazer e o que ele não tenta, e não quer dizer que tudo o que ele vai tentar fazer vai funcionar. Ele pode estar treinando o que quiser. Agora, se vai funcionar, é outra história. Hoje em dia tem muitos "entendidos" de luta. A gente está vendo aí os “experts” de luta, e isso não existe, principalmente no MMA. Você entra lá, você nunca sabe o que vai acontecer. Às vezes em um piscar de olhos a luta muda completamente.


No quarto do hotel onde está hospedado em Houston (EUA), Cigano gentilmente atendeu ao pedido de entrevista da reportagem. O ex-campeão, que polemizou meses atrás ao dizer que Velásquez "bate que nem uma moça", admitiu que o comentário foi inoportuno, mas garantiu não se arrepender do mesmo:
- Eu falei realmente e não me arrependo. Falei na boa e sou responsável pelo que eu falo e não pelo que os outros entendem. As pessoas levaram completamente de outra forma. Eu falei na frente dele e não foi com a intenção de faltar com o respeito. Pelo contrário, não faço isso com nenhum dos meus oponentes. Mas sim, foi um comentário meio que infeliz porque as pessoas gostam de se apegar a coisas ruins e polêmicas e tentar fazer você perder um pouco da admiração do público.
Cigano e Velásquez vão disputar a trilogia no Toyota Center, novamente valendo cinturão. Se nocauteou o oponente na primeira vez em que se encontraram, o brasieiro diz que o "overtraining" (treino excessivo) atrapalhou na derrota da segunda luta:
- Isso aconteceu por conta do treinamento mesmo, dessa coisa de não ter um acompanhamento sério e você ir levando tudo no "feeling". E é aquilo, a gente gosta de treinar duro, aliás, por mais que você não esteja nem conseguindo mais, a gente tem aquela cultura do “mais um”. Do tipo, vai que dá mais um round, mais um minuto. E você sempre continua tentando, e isso desgasta o seu corpo. No início do treinamento, tudo bem. Você responde bem até a isso. Mas, com o acúmulo das reações, você acaba tendo o overtraining.
Junior Cigano rebateu Daniel Cormier em outro aspecto, ao afirmar que não vê o que Velásquez pode fazer de tão diferente para chegar ao ponto de surpreendê-lo. Ele comentou ainda o ganho de velocidade nos treinamentos, a renovação de contrato de patrocínio com o Corinthians até 2015, entre outros. A seguir, veja a entrevista na íntegra, por tópicos:
Físico mais definido em relação às lutas ateriores
"Não treinei especificamente para isso. É devido ao tipo de treino que estamos fazendo. Eu não estou fazendo nada, é devido ao treinamento duro. Acho que estou levando mais a sério o treino. Estou evoluindo mais e treinando com mais qualidade também. Acho que o corpo vai respondendo".
Mudança na equipe após a derrota para Cain
"Desde a última luta eu já senti uma diferença grande. São coisas e detalhes que até no início do camp (período de preparação para a luta) te fazem pensar: “Poxa, eu estou gastando dinheiro com esses caras e eles não fazem nada”. Você fica com receio, mas depois, conforme o camp vai passando e você precisa realmente de um resultado desse, aí você vê a resposta e a importância de ter um cara desses ao seu lado. Então, eu tenho um fisiologista que me acompanha sempre agora e estou fazendo um trabalho mais completo e mais profissional também. A gente sempre vai “nas tora”, né? Tem aquela coisa de “vai que você precisa ser homem, precisa resistir mais”, “vai que você não vai morrer de cansaço”, e não existe isso.  Eu sempre treinei assim e agora estou sabendo a cada treino o quanto posso puxar, se estou livre para puxar um treino bem duro ou se tenho que dar uma segurada. Então, nesse camp agora, até porque eu tive o overtraining na minha última luta com o Velásquez, as respostas que tive foram muito boas, e o fisiologista foi extremamente necessário. Até porque, em alguns momentos, ele falou que eu tinha que segurar. Em alguns dias eu tive que ficar o dia todo sem fazer nada, só relaxar, descansar, fazer massagem, porque o corpo estava respondendo que os treinos estavam exagerados. Então essa preocupação é, sim, muito importante".
Overtraining na segunda luta
"Não foi por conta da empolgação. Empolgado a gente sempre está, né? Para qualquer luta. Isso aconteceu por conta do treinamento mesmo, dessa coisa de não ter um acompanhamento sério e você ir levando tudo no "feeling". E é aquilo, a gente gosta de treinar duro, aliás, por mais que você não esteja nem conseguindo mais, a gente tem aquela cultura do “mais um”. Do tipo, vai que dá mais um round, mais um minuto. E você sempre continua tentando, e isso desgasta o seu corpo. No início do treinamento, tudo bem. Você responde bem até a isso. Mas, com o acúmulo das reações, você acaba tendo o overtraining. Eu não sabia. Eu soube depois da luta, que fui para o hospital e o médico lá de Las Vegas me falou que eu tinha exagerado nos treinos e que o meu nível de creatina estava um absurdo, e que aquilo não era recente, que vinha de uma sequência grande de treinamento. E ali eu vi o quanto estava equivocado. Mas isso está corrigido. Vivendo e aprendendo, e está aprendido".
Eu não vejo o que ele pode fazer
de tão diferente. Eu acho o Velásquez um lutador bastante completo, não vejo muito como
ele pode mudar tanto"
Cigano
Preocupação em ficar mais rápido por causa do condicionamento físico de Cain
"Sempre tem essa preocupação, né? Eu gosto de manter a minha velocidade, não gosto de subir muito o peso. Mas desta vez eu subi um pouco. Fiz o camp com 113 kg, o que normalmente é muito para mim. Estou sempre em torno de 110kg, no máximo 112kg, e desta vez subi um pouco mais, mas me senti bem. Não foi do nada, é a primeira vez que estou seguindo uma dieta melhor. Comecei no final do camp, mas estou seguindo à risca. Eu acho que o meu corpo tem respondido um pouco mais. Fiquei um pouco mais pesado, mas acho que no dia da luta vou estar com o mesmo peso novamente, mantendo a velocidade, mas mesmo assim forte".
Após assistir ao Primetime, Cormier disse que Cain virá totalmente diferente
"Isso é falação. O Velásquez nunca foi de falar nada, espero que continue assim, né? Ele nunca falou besteira, mas às vezes a gente é obrigado ou às vezes interpretam mal uma frase da gente e levam por esse lado. É complicado. Eu não vejo o que ele pode fazer de tão diferente. Eu acho o Velásquez um lutador bastante completo, não vejo muito como ele pode mudar tanto. Se ele não fizer o que ele faz bem, que é botar aquela pressão e puxar pelo gás e a vantagem do condicionamento físico - que é o mais importante dele -, ele vai perder muito. Acho que isso é o principal que ele tem: o condicionamento físico, a pressão, o wrestling, aquele jogo ali. Ele acabou de ganhar a faixa preta no jiu-jítsu, e acho que um campeão é feito de superar os próprios desafios. Espero poder lutar contra o melhor do Cain Velásquez. Então, ele pode tentar o que quiser, porque vou fazer o mesmo e tenho certeza de que será uma grande luta, porque hoje ele me conhece mais e eu o conheço mais também. E quem vai ganhar com isso são os fãs".
Cormier disse também que Cigano está treinando errado
"No Primetime, eles filmam alguma coisa. Mas eu sempre treinei duro e bastante para qualquer tipo de lutador, e não importa quem ele seja. O Cain Velásquez agora é o campeão, mas eu assisto muito às lutas dele, estudo o que ele tenta fazer e o que ele não tenta, e não quer dizer que tudo o que ele vai tentar fazer vai funcionar. Ele pode estar treinando o que quiser. Agora, se vai funcionar, é outra história. Hoje em dia tem muitos "entendidos de luta”. A gente está vendo aí os “experts” de luta, e isso não existe, principalmente no MMA. Você entra lá, você nunca sabe o que vai acontecer. Às vezes em um piscar de olhos a luta muda completamente. Um passo atrás no momento errado ou algo desse tipo, qualquer besteira muda a luta completamente. Então você nunca sabe o que vai acontecer. Eu sei que ele está bem preparado, eu também estou e tivemos a experiência da última luta. Foram cinco rounds e até fizeram um comentário, que não sei se é verdade, que ele segurou a luta para me punir. Mas seja como for, ele deu o melhor dele para finalizar a luta e não conseguiu, então eu acho que ele vai vir da mesma forma, tentar a mesma coisa. Ele pode até estar vindo com uma nova estratégia, mas no momento em que a luta começar e ele vir que é um momento diferente, já vai voltar para o básico que faz, que é derrubar e ficar ali amassando, buscando a luta desse jeito".
Cain Velásquez tem pontos fracos?
"É difícil poder falar de um ponto fraco dele. Eu acredito que seja realmente em relação a mim, não em relação a outros adversários, mas seria a parte da trocação. Acho que ele é muito superior a mim no jogo agarrado, mas na parte de trocação eu me considero superior a ele, e é ali que eu vejo o ponto fraco dele em relação a mim".
Uma coisa que priorizei até na segunda luta foi pensar muito nas quedas, no que ele é bom, e acho que não posso fazer isso. Você tem que priorizar o seu jogo, e não fazer as coisas do jeito dele"
Cigano
Arrependeu-se do “bater como uma moça” que disse sobre o Cain?
"Eu falei realmente e não me arrependo. Falei na boa e sou responsável pelo que eu falo e não pelo que os outros entendem. As pessoas levaram completamente de outra forma. Eu falei na frente dele e não foi com a intenção de faltar com o respeito. Pelo contrário, não faço isso com nenhum dos meus oponentes. Mas sim, foi um comentário meio que infeliz porque as pessoas gostam de se apegar a coisas ruins e polêmicas e tentar fazer você perder um pouco da admiração do público. E isso foi uma brecha para elas fazerem isso, usarem isso para me deixar mal, falando que eu tinha desrespeitado e que, se ele batia que nem uma moça, olha só como a moça deixou a minha cara daquele jeito. Mas pega uma moça magrinha e deixa ela me batendo durante cinco rounds no mesmo lugar para ver se não vai ficar daquele jeito... Fica sim (risos). Então, não foi intencional. Acho que o próprio Cain entendeu. Mas como se tem a promoção da luta, eles gostam de elevar a rivalidade".
Reação do Cain pessoalmente sobre a frase
"Nunca conversei diretamente com ele sobre isso. A gente pouco conversa. Nessa turnê que nós fizemos antes, foi a primeira vez que pudemos ter um pouco mais de contato um com o outro, até porque estávamos todos juntos. Saíram alguns sorrisos e brincadeiras, mas nada de mais além disso. A gente nunca conversou muito um com o outro. É aquele clima de rivalidade que é bom manter às vezes. Porque queira ou não, ele está defendendo o bem-estar da família dele e eu, o meu e o da minha. Então a gente tem essa rivalidade sim".
Junior Cigano UFC MMA (Foto: Ivan Raupp)Brasileiro se prepara para fazer leve refeição (Foto: Ivan Raupp)
Rivalidade com Cain é a maior do mundo no MMA hoje?
"Não sei dizer se é a maior do mundo hoje, mas é uma rivalidade boa. E vou te dizer que, para mim, tem sido legal. É claro que eu não queria ter perdido a minha luta e por mim estaria lutando contra ele novamente sim, mas como o vencedor das lutas anteriores. Mas eu acho que a gente vai acabar lutando mais vezes. Ele diz que não, e eu não sei por que ele diz isso. A gente é novo ainda, tem muita carreira pela frente e com certeza vão acabar acontecendo outras lutas entre nós. E eu quero ganhar a maioria delas. Ou todas, a partir de agora".
O terceiro capítulo do duelo
"Para mim, esta luta é motivação pura. Estou me sentindo muito bem. A nossa confiança vem do treinamento, de quando você consegue treinar bem. Eu já fiz uns treinos aqui em Houston e estou me sentindo bem. E é isso que eu peço a Deus, para que chegue o momento e não aconteça o que aconteceu da última vez, quando me deu um branco e eu não sabia o que fazer. E foi exatamente isso que aconteceu. Eu dei muito espaço para ele. Então peço para que eu possa mostrar um pouco de tudo o que eu treinei. Tanto ele quanto eu temos tudo para fazer uma grande luta. Ele, pelo estilo agressivo de buscar o duelo o tempo todo, e eu, porque acredito que posso nocautear qualquer um no mundo. Vou para isso de novo e sempre vou entrar nas minhas lutas pensando assim".
Agora a gente vai ver qual das
duas formas (ele nocauteando
ou Velásquez pressionando) vai funcionar, mas acho que a
minha vai funcionar melhor.
Vou nocautear"
Cigano
Final ideal desta luta
"O ideal? Difícil falar, eu não penso exatamente em como eu quero que acabe a luta, só quero que acabe comigo vencedor. Mas com certeza eu acho que esta luta vai durar uns três rounds pelo menos, e eu vou nocauteá-lo. Porque vai ficar imposto o jogo que realmente é o melhor do mundo. Na primeira vez, foi exatamente o que eu me proponho a fazer, do jeito que eu gosto: nocaute. Na segunda vez, foi exatamente o que ele faz: pressão e o tempo todo ali em cima. Agora a gente vai ver qual das duas formas vai funcionar, mas acho que a minha vai funcionar melhor. Vou nocautear".
Focar treinos no seu ponto forte, e não no ponto forte do adversário
"Estudar sim, eu não posso é querer me equiparar ao wrestling dele. Eu nunca vou chegar. Ele treinou wrestling a vida inteira e, mesmo que eu treine os três meses, não vou chegar ao nível dele. Então é exatamente isso, e uma coisa que priorizei até na segunda luta foi pensar muito nas quedas, no que ele é bom, e acho que não posso fazer isso. Você tem que priorizar o seu jogo, e não fazer as coisas do jeito dele. Ou então com certeza você tem que treinar um pouco de tudo, até para saber se defender de tudo o que ele faz de melhor. Mas não que você tenha que tentar surpreender ou ganhar dele na área dele".
Junior Cigano UFC MMA (Foto: Ivan Raupp)Ex-campeão enfrenta Cain Velásquez neste sábado (Foto: Ivan Raupp)
Renovação com o Corinthians até 2015
"Para mim, está tudo ótimo. Como corintiano, meu pai era corintiano e tudo mais, eu estou feliz. Acho que tenho tido uma resposta muito boa com tudo o que está acontecendo. O Corinthians é um grande clube apoiando o nosso esporte e, para mim, isso é muito gratificante. Acho até que é uma nova parte do nosso esporte no Brasil, ter o apoio de grandes clubes assim como o Corinthians. Outros clubes já tentaram apoiar outros atletas e desistiram facilmente, e o Corinthians continua ali com a gente, coisa que está dando certo tanto para nós quanto para eles. Eu fico muito feliz com esse apoio. Independentemente de time de futebol, o Corinthians não é só futebol, tem mais de 30 modalidades lá dentro e há muita gente competindo e representando o clube. E espero que os outros clubes possam seguir o que o Corinthians está fazendo para elevar o nosso esporte até a um outro nível, porque a experiência que todos esses clubes têm é muito grande e, se eles puderem dividir essa experiência com outros atletas, como o Corinthians está fazendo comigo, vai ser uma grande coisa. E eu estou muito feliz com a parceria e espero continuar por muito tempo".
O canal Combate transmite a pesagem às 18h (de Brasília) de sexta-feira e todas as lutas do evento a partir de 19h15m do próximo sábado. O Combate.com também exibe a pesagem e acompanha o UFC 166 em Tempo Real no sábado, além de transmitir o duelo entre Dustin Pague e Kyoji Horiguchi, pelo peso-galo, ao vivo.
UFC 166
19 de outubro de 2013, em Houston (EUA)
CARD PRINCIPAL
Cain Velásquez x Junior Cigano
Daniel Cormier x Roy Nelson
Gilbert Melendez x Diego Sanchez
Gabriel Napão x Shawn Jordan
John Dodson x Darrell Montague

CARD PRELIMINAR
Tim Boetsch x CB Dollaway
Nate Marquardt x Hector Lombard
Sarah Kaufman x Jessica Eye
George Sotiropoulos x KJ Noons
T.J. Waldburger x Adlan Amagov
Tony Ferguson x Mike Rio
Kyoji Horiguchi x Dustin Pague
Jeremy Larsen x Andre Fili
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