sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Principado de Sealand, que tem quatro habitantes e 550m², contou com ajuda de atores, ex-jogador de rúgbi, membros da realeza e goleiro desmaiado para conquistar taça internacional.



Jogo entre Sealand, menor país do mundo, e Alderney, ilha de 2,4 mil habitantes. Contando, ninguém acredita...

O país pode ser o menor do mundo, mas as façanhas vão ficando cada vez maiores. No último sábado, a seleção do Principado de Sealand, nação de apenas quatro habitantes e 550m²  na costa da Inglaterra, conquistou seu primeiro troféu no futebol. Após empate por 1 a 1 com a a ilha de Alderney, também próxima à Terra da Rainha, o time alvirrubro contou com a atuação heróica de um goleiro predestinado para sagrar-se campeã da Bavaria Cup nos pênaltis. Para quem não está entendendo nada, explica-se: para Sealand, só o fato de conseguir formar uma equipe já é uma vitória.



Divulgação
Localizado em uma plataforma abandonada no mar, o Principado de Sealand tem 4 habitantes e 550m²

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O menor país do mundo foi fundado há cerca de 45 anos pelo ex-major do exército britânico Paddy Roy Bates, pouco após o fim da II Guerra Mundial. Agora governado pelo príncipe-regente Michael, filho de Paddy, o território fica em uma plataforma abandonada em alto mar, a 11km da cidade de Harwich, no sudeste da Inglaterra - o acesso só é possível por helicóptero ou barco. Por estar além do limite de três milhas das águas territoriais britânicas, porém, o Principado está fora do controle do Reino Unido, que aceita o local como uma "propriedade privada". Apesar de só possuir uma rua e uma casa, onde vivem todos os seus habitantes, Sealand tem Constituição, bandeira e hino, além de moeda, passaporte e selos próprios . A eletricidade vem de geradores e energia eólica, enquanto a comida é importada da Holanda. A ilha também possui uma seleção de futebol, obrigatoriamente formada por "convidados" (já que os moradores locais não conseguiriam nem montar um time de futsal).
Como o iG mostrou em maio, o plano é usar o esporte para tornar o país reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) , que não tem Sealand como um Estado independente. Além disso, o objetivo também é filiar-se à Fifa (Federação Internacional de Futebol e Associados) e à Uefa (União das Federações Europeias de Futebol) para disputar torneios oficiais - atualmente, a micronação só é membra da NF-Board ( Nouvelle Fédération-Board ), instituição criada em 2003 para representar esportivamente nações, Estados não-reconhecidos, minorias, povos sem territórios e micronações não-filiadas à Fifa, como Curdistão, Chipre do Norte, Saara Ocidental e Zanzibar.

David Bauckham
Neil Forsyth: jornalista, presidente da Federação de Futebol e centroavante da seleção de Sealand

A formação da seleção de Sealand só é possível graças ao esforço de Neil Forsyth, jornalista e escritor de 34 anos que foi nomeado presidente da Federação de Futebol do país pelo príncipe-regente Michael. O escocês foi o responsável por reativar a equipe, agregando simpatizantes da causa nacional - vale tudo, de ex-jogadores profissionais a atores de seriados. Na primeira tentativa, uma derrota por 3 a 1 para as Ilhas Chagos mostrou que o pequeno país ainda tinha muito a aprender, mas a evolução em três meses foi espantosa. Segundo Forsyth, a vitória sobre Alderney, na casa do rival, foi decisiva para os ambiciosos planos de Sealand.
"O resultado do jogo foi muito importante. É claro que nos divertimos com tudo isso, mas levamos os jogos muito à sério e ficamos extremamente felizes de conquistar nosso primeiro título e deixar a população de Sealand orgulhosa", diz ao iG Neil Forsyth, que, além de jornalista, escritor e presidente da Federação, é o centroavante do time. Confiante com o troféu da Bavaria Cup , o dirigente já até tira onda. Perguntado se gostaria de ver um duelo entre Sealand e a seleção brasileira, Forsyth afirma que tem outra prioridade: "Acho que ainda não estamos prontos para pegar o Brasil. Mas, como escocês, digo que poderíamos ganhar facilmente da Inglaterra", ri. Veja fotos da aventura :
A equipe de Sealand que venceu a ilha de Alderney foi formada de maneira bastante eclética. Além de Neil Forsyth, seu irmão Alan também jogou. Representando a família real, o príncipe Liam, filho de Michael, esteve em campo. Do mundo das celebridades, participaram os atores Ralf Little e Matt Di Angelo (figurinhas carimbadas em séries de TV no Reino Unido), enquanto Ed Stubbs, ex-profissional de rúgbi, entrou para fechar o meio-de-campo. Vários amigos e defensores da causa nacional completaram a equipe alvirrubra, que saiu perdendo, mas achou o empate no segundo tempo para levar a disputa para os pênaltis.
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David Bauckham
Cerca de 300 pessoas acompanharam o jogaço

Foi aí que brilhou, de maneira bizarra, a estrela do goleiro Thomas McIntosh: ele havia desmaiado durante o jogo ao levar uma forte trombada e quase teve que deixar o duelo, mas acabou voltando, convertendo pênalti e ainda defendendo a cobrança que fechou a contagem em 5 a 4, dando a Sealand sua primeira vitória internacional e, de quebra, a primeira taça.
O que deixa os governantes, moradores, dirigentes e atletas da micronação mais felizes, porém, é o apoio à luta pelo reconhecimento da plataforma abandonada como país independente. Se contra as Ilhas Chagos, em maio, a presença de público já havia sido marcante, desta vez a massa fez ainda mais festa: "Havia cerca de 300 pessoas vendo o jogo, o que é mais de 10% da população da ilha de Alderney! A atmosfera foi sensacional, e o pessoal nos recebeu muito bem. Voltaremos com certeza", animou-se Neil Forsyth. Para apoiar Sealand, é necessário gostar de jogo duro, ao estilo inglês, como conta o ator Ralf Little: "A partida foi uma batalha até o fim. Não passes ao estilo Barcelona, e não foi um belo espetáculo para o público", reconheceu, rindo.

Reprodução
Localização de Sealand, na costa da Inglaterra

Agora, o objetivo é tentar disputar pelo menos seis partidas por ano para ganhar cada vez mais experiência internacional e, com o tempo, conseguir as filiações à ONU, à Fifa e à Uefa. "Isso seria ótimo, já que é o meu grande sonho como governante de Sealand. Claro que o sucesso nos campos não é um fator totalmente decisivo (para a ONU), mas com certeza o esporte é algo que une o mundo e chama a atenção", disse ao iG o príncipe-regente Michael, em maio, quando o futebol do país voltou à atividade. "Estou tentando marcar jogos para novembro e fevereiro, mas, como é época de inverno na Grã-Bretanha, isso deve atrapalhar", diz o multi-função Neil Forsyth, que ainda completa, resumindo bem o espírito de diversão e paixão que envolve o futebol em Sealand: "Tentaremos jogar seis jogos ao ano, ou até quando nossos joelhos não aguentarem mais".
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Vale lembrar que qualquer pessoa que tenha interesse em representar a seleção do país pode jogar. Basta comprar ingresso para uma partida e enviar, através do site oficial do país ( sealandgov.org ), um "currículo futebolístico", com nome, idade e habilidades. Nos dias de jogos, dois torcedores inscritos serão sorteados e terão a chance de disputar um duelo internacional entre seleções - mesmo que elas não sejam reconhecidas pela ONU, Fifa, Uefa ou qualquer outra entidade. "A cada partida, teremos um sorteio aberto. Todo fã de Sealand tem a chance de jogar pela seleção!", ressalta Neil Forsyth. Vários interessados - inclusive brasileiros - já enviaram seus currículos para tentar uma vaga.


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