segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Um vendedor de games dos EUA conta como é difícil manter o controle da venda de GTA V para maiores, inclusive pela insistência dos pais.

Kotaku
Queridos pais: nós precisamos conversar. Tem uma coisa que está me corroendo por dentro há um certo tempo, e acho que eu não aguento mais segurar.

Trabalho como varejista de games há quase 10 anos. Eu amo meu trabalho. Minhas melhores lembranças incluem pais amorosos e curiosos que entram na minha loja. Mesmo na inocência, eles sempre querem aprender o que rola de novo nos jogos. Já conversei com eles sobre escolhas de plataformas, franquias de games e como sobreviver na era dos consoles on-line. Sempre tentei exemplificar usando minha própria experiência como pai. No fim das contas, isso encorajava alguns pais a se interessarem pelo passatempo dos filhos e fazia com que eles também jogassem juntos.

Não há um sentimento melhor do que um pai ou mãe entrando na loja, agradecendo pelas dicas e procurando por mais produtos.
Quando um novo Mario, ou LittleBigPlanet, ou Pokémon, ou qualquer outro jogo voltado para crianças sai no mercado, eu tenho prazer em vendê-los para os seus filhos. A classificação etária desses games indica que são próprios para crianças.
Talvez tenha sido o seu filho que entrou na loja com uma jarra cheia de moedas procurando por Minecraft. Faltava uns dois contos pra completar o preço, mas não se preocupa, eu quebrei esse galho. O olhar de empolgação dele enquanto saia correndo da loja pra voltar pra casa era muito mais importante que aquele dinheiro.

Essa é a melhor parte do meu trabalho. Agora vou contar a pior parte. Novos jogos de classificação acima de 18 anos são lançados toda semana. Alguns são mais pesados que outros. Não tenho problema em deixar meus filhos me acompanharem em jogatinas deHalo, Skyrim e Fable. Mas aí tem games como Duke Nukem, Saints Row e Grand Theft Auto, que são a razão pela qual estou aqui escrevendo hoje.
Semana passada, só a minha loja vendeu mais de mil cópias de GTA V, sendo que pelo menos 100 delas seriam jogadas por crianças que mal tinham altura para ver por cima do meu balcão.
Com os anos, vi o tamanho, a história e os gráficos dos games evoluírem para dar cada vez mais uma melhor experiência imersiva ao jogador. Isso vale para todos os jogos, incluindo os de classificação madura.

Kotaku

Quando eu leio em voz alta a descrição dada pelo órgão de classificação na contra-capa do jogo, e você simplesmente me ignora, sinto que preciso ser um pouco mais específico. Então acabo mencionando coisas de GTA V na sua frente, como stripteases em primeira pessoa, ou missões onde você é obrigado a torturar outros personagens. 
As respostas que eu recebo quando isso acontece variam entre, “Ah, mas o jogo é pro meu filho mais velho” ou “Ah, mas todos os amiguinhos dele já têm o jogo”.

E aí eu fico me perguntando o quanto é comum o irmãozinho ficar olhando o irmãozão jogando videogame, e também aquela velha história do, “E se todos os seus amigos pulassem de uma ponte?”. Eu não falo essas coisas pra você, caro pai ou mãe, porque não concordo com a forma com que seus filhos são educados. Mas porque toda vez que aquele molequinho de poucos anos de idade entra na minha loja, lembro imediatamente dos coleguinhas da minha filha na sua escola.

Acredito que quem não é pai e está acompanhando o texto até agora deve estar pensando, “Mas isso é problema dos pais”, ou “Eu joguei GTA I até o III na minha infância e não tive problema algum na vida adulta”, o que é ótimo, parabéns. Eu aceito a sua opinião. No entanto, quando a sua filha volta chorando da escola porque algum molequinho de poucos anos de idade xingou ela de “vadia” porque viu isso no jogo, talvez você mude de ideia.

Acho ótimo que em alguns países os órgãos estejam trabalhando cada vez mais para conscientizar os pais, assim como o pessoal do Penny Arcade também tenta esclarecer as coisas para os menos entendidos do assunto nos EUA.
Eu só peço que você preste atenção ao que esteja escrito na caixa e, se não entender muito bem o que significa tudo aquilo, que procure um vendedor para pedir ajuda, ou, no mínimo, que esteja mais envolvido em todo esse processo.
Por último, quando eu estiver explicando os detalhes do conteúdo do game classificado para pessoas acima de 18 anos que o seu filho de menos de 18 anos vai jogar, por favor, não me ignore ou fique checando o Facebook no seu telefone enquanto eu estiver falando. O seu filho merece mais do que isso.

Fonte: MSN Brasil
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