Por uma
margem apertada, 4 votos a 3, o tribunal chancelou o Solidariedade, montado
pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força
Sindical. Por 5 a 2, aprovou também o PROS (Partido Republicano da Ordem Social).
As duas siglas são, respectivamente, a 31ª e a 32ª do país.
A posição
externada pelos ministros do tribunal durante a votação sinalizam dificuldades
extras para a Rede Sustentabilidade, partido que a ex-senador Marina Silva
tenta criar para concorrer ao Palácio do Planalto em 2014, e que deve ter o seu
caso julgado na semana que vem.
Isso
porque 3 dos 7 sete integrantes da corte já deixaram claro que não aceitam a
entrega direta ao TSE de certidões genéricas de assinaturas de apoio colhidas
pelo país. Para esses ministros, é necessário apresentar a lista com o nome e o
título de eleitor das pessoas, o que nem a Rede nem o Solidariedade e nem o
PROS apresentaram, na maior parte dos casos.
No caso
da Rede, porém, há o adicional de que ela não conseguiu reunir as 492 mil
assinaturas mínimas de apoio exigidas em lei --faltaram 52 mil nomes. O partido
de Marina pedirá ao TSE que aprove sua criação aceitando como válidas
assinaturas checadas e recusadas pelos cartórios sem que eles tivessem
apresentado os motivos para isso.
Oposição
O
Solidariedade tende a atuar na órbita do presidenciável Aécio Neves (PSDB) e
negocia o ingresso de cerca de 30 deputados federais. Vários deles, incluindo
Paulo Pereira, compareceram ao TSE e comemoraram muito a aprovação.
O presidente
da Força Sindical disse que, se depender dele, a sigla vai apoiar um candidato
a presidente da oposição na eleição de 2014, embora não tenha citado o nome de
Aécio.
Na
votação no TSE, o relator, ministro Henrique Neves, argumentou que pela Lei dos
Partidos Políticos o prazo para o questionamento relativo a eventuais fraudes
na coleta de assinaturas já havia expirado, o que não impede a promoção de
eventuais investigações penais sobre o assunto.
O
Solidariedade é suspeito, entre outras coisas, de ter incluído como apoiadores
integrantes do sindicato dos servidores do Poder Legislativo federal que negam
ter referendado a criação do partido.
Apesar
disso, disse que era preciso que o Solidariedade entregasse listas completas
com os nomes e documentos dos eleitores, e não só certidões genéricas dos
cartórios listando o número de assinaturas validadas. Ele foi seguido pelos
ministros Marco Aurélio Mello e Luciana Lóssio.
Mas sob o
argumento de que o TSE não exigiu esse detalhamento em casos anteriores, votaram
a favor da criação do partido Cármen Lúcia, presidente da corte, Laurita Vaz,
Dias Toffoli e João Otávio Noronha.
Em seu
voto, o relator revelou que entre as certidões apresentadas pelo Solidariedade
havia listas de apoio a outras siglas, como o Partido da Pátria Livre. Das 503
mil assinaturas que o Solidariedade diz ter conseguido validar, ele considerou
495,6 mil.
Pros
Apesar de
também ser alvo de suspeitas de irregularidades levantadas no processo, o TSE
havia aprovado mais cedo a criação do PROS.
Montado
por um ex-vereador do interior de Goiás, a sigla negocia o ingresso de cerca de
20 deputados federais e tende a engrossar o campo governista no Congresso,
embora se declare independente.
Na
sessão, a ministra Luciana Lóssio, que acabou sendo voto vencido, levantou uma
série de suspeitas em relação às assinaturas mínimas de apoio entregues pela
legenda, que diz ter reunido 516 mil nomes.
De acordo
com Lóssio, o PROS entregou certidões de um cartório de Belo Horizonte em que
assinaturas de eleitores foram contadas de forma duplicada, exemplo que pode
ter ocorrido em outros casos.
"Na
análise dessas certidões, pude verificar com clareza de que houve a contagem do
mesmo apoio sete vezes", disse a ministra, que classificou a
irregularidade como grave e sugeriu que o caso fosse investigado.
Tendo
votado a favor da criação do PROS em sessão anterior, Henrique Neves retificou
seu voto e acompanhou Lóssio.
Votaram
pela criação do PROS a relatora do processo, Laurita Vaz, que entendeu que
eventuais suspeitas foram esclarecidas pelos dirigentes do partido, além de
Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Castro Meira (os dois últimos
compunham a corte na sessão anterior).
Toffoli
ressaltou que a aprovação do partido não exclui a possibilidade de investigação
posterior sobre supostas irregularidades. "Eu confio na Justiça Eleitoral
e, eu e a nação, nos servidores da Justiça Eleitoral".
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